quarta-feira, janeiro 03, 2007

Contracepção e Pára-quedismo

Ocorre-me que nesta coisa do aborto há uma confusão entre o que tecnicamente conseguimos fazer e o que eticamente é legítimo exigir. Por exemplo, o pára-quedismo. Tecnicamente é possível saltar de um avião e cair em segurança. Mas pode haver azares, e se o fizermos uma vez por semana durante trinta anos é provável que haja. Assumindo que não há sabotagem nem negligência do fabricante, o azar do pára-quedista é apenas um acidente. É eticamente neutro. Não lhe dá direitos adicionais nem legitimidade para exigir compensação pelo que lhe aconteceu.

A contracepção também é uma excelente inovação tecnológica. Antigamente, quem não queria estatelar-se no chão não podia saltar de sítios altos, e quem não queria ter filhos não podia gozar algumas formas de relação sexual. Hoje em dia temos mais opções. Podemos arriscar. E, geralmente, compensa. Mas o direito de arriscar não é o direito de não ter azar. Não se justifica conceder direitos especiais, em particular o direito de matar outro, a quem arriscou de livre vontade.

A questão que se impoõe é qual o melhor contraceptivo para o sexo em queda livre. Ou, como dizia a anedota que não vou contar aqui (até porque estraguei o final): E dá tempo?

3 comentários:

  1. O que eu tenho querido transmitir mas não tenho conseguido:
    http://www.ateismo.net/diario/2007/
    01/o-irracional-e-o-aborto.php

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  2. Oi Helder,

    Sim, é essa :)

    Um abraço

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  3. Bem dito! É verdade que ninguém devia ter sexo de forma alguma sem contar que pode de facto estar a conceber.

    Mas creio que muitas pessoas a favor do aborto, argumentam que não existe ainda uma pessoa. Um grupo de células não especializadas não é uma pessoa. O cérebro só se desenvolve no terceiro trimestre.

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