segunda-feira, junho 02, 2008

Contas.

A Science desta semana publicou um artigo alegando uma correlação inversa entre o desempenho académico das raparigas relativo ao dos rapazes e a discriminação sexual na sua sociedade. Especificamente, entre os dados do Programme for International Student Assessment (PISA) 2003 e o Gender Gap Index (GGI) do World Economic Forum. Segundo os autores os dados mostram que a vantagem das raparigas na leitura aumenta com a redução na discriminação sexual, de 20 pontos na Turquia até 60 pontos na Islândia, e que a desvantagem na matemática inverte-se, de -20 pontos na Turquia a +10 na Islândia. A conclusão é que as raparigas são por natureza melhores na leitura, como já era aceite, e que, ao contrário do que se julgava, também são naturalmente melhores na matemática. O que baixa o seu desempenho em relação ao dos rapazes é apenas a discriminação sexual porque esta diferença, alegam, desaparece nos países com menos discriminação.

O Desidério criticou este artigo como «ciência ideológica, ciência politicamente correcta, ciência baseada numa mentira política.»(1) A minha primeira reacção foi responder que isso é irrelevante porque o que importa são os dados. Se há realmente uma correlação tanto faz a ideologia ou a política. A menos que tenham aldrabado. Por isso fui ver o artigo (2) e os dados. Achei estranho num artigo de 2008 usarem os dados do PISA 2003 quando temos o PISA 2006 (3). Também estranhei mostrarem um gráfico bonito com dez países quando os dados cobrem quase cinquenta. Finalmente, usarem uma análise estatística rebuscada quando o que afirmam é simplesmente a correlação de dois valores: desempenho académico e índice de discriminação. Cheirou-me a treta.

Depois de olhar para o material suplementar que acompanha o artigo, e cujos gráficos são bastante menos impressionantes por incluírem mais que os dez países escolhidos a dedo, decidi cruzar o PISA 2006 (3) com o GGI 2007 (4) a ver o que dava. O gráfico abaixo mostra no eixo horizontal o GGI, com valores maiores indicando sociedades mais igualitárias, e no eixo vertical a diferença entre o desempenho na matemática dos jovens do sexo masculino e feminino, com números menores indicando menor vantagem dos rapazes e valores negativos indicando vantagem para as raparigas.

Cartaz Jornadas

Considerando os dados não me parece razoável a afirmação dos autores que «the gender gap in math scores disappears in countries with a more gender-equal culture.» Até porque os países em que as raparigas superam os rapazes na matemática são Islândia, Azerbaijão, Bulgária, Jordânia, Catar e Tailândia.

Não concluo daqui que a diferença seja biológica, até porque é uma questão difícil de formular de forma a fazer sentido. Mas concluo que o artigo é treta. Não é nada claro que a discriminação sexual explique as diferenças no desempenho académico. Concordo com o Desidério que a publicação deste artigo deveu mais à politiquice que à ciência e que isto é preocupante. Sugere que muitos julgam que se justifica combater a discriminação porque, em média, os sexos são iguais ou as raparigas são melhores que os rapazes. É um disparate nefasto porque devemos combater a discriminação precisamente para que não se julgue indivíduos pela média do grupo a que pertencem, seja qual for o grupo ou a média.

1- Desidério Murcho, 31-5-08, Pontapés na ciência
2- Guiso, Monte, Sapienza, Zingales, DIVERSITY: Culture, Gender, and Math, Science, Vol. 320. no. 5880, pp. 1164 – 1165 (só para assinantes, mas o material suplementar parece ser de acesso livre).
3- PISA 2006 (xls)
4 The Global Gender Gap Index 2007 (pdf)

50 comentários:

  1. Parabéns Ludwin, mesmo na mouche. Agora falta juntar-se com o Desidério e submeter a resposta à Science. Ou seja, falta o peer-review. Eu se fosse a si, submetia o artigo á Science.Ficava-lhe muito bem no currículo!

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  2. Ludwig

    Não estaria mal pensado uma carta à Science com os números e a "filosofice".

    Já agora, quais são os países em que os rapazes estão claramente acima das meninas? Tem pelo menos um que se destaca.

    É preocupante que se manipulem números só para fazer bonito. As coisas já são suficientemente complicadas quando os números estão certos.

    Durante a minha estadia em Inglaterra li a dada altura a preocupação dos ingleses por as meninas terem ultrapassado os meninos nos A-levels pela primeira vez... e comecei a pensar o que diabo haveria de errado com as meninas inglesas, porque no nosso país elas dominam as Universidades há muito tempo! E outra: não era igualmente preocupante que os meninos fossem "superiores" às meninas? Gente estranha...

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  3. Ludwig:

    Enganaste-te no link para o artigo do Desidério.

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  4. Anónimo e Abobrinha,

    Penso que por esta altura já há mais gente a pensar o mesmo.

    Os países onde os rapazes têm mais vantagem (mais de 20 pontos) são Chile, Colômbia , Austria, Alemanha e Japão.

    João,

    Obrigado. Já corrigi.

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  5. Ludwig

    ... tens a certeza? Claro que isso é inteiramente contigo e tens mais que fazer.

    A Alemanha, a Áustria e o Japão? Ah, claro, faz sentido! Países completamente sub-desenvolvidos em que a educação não é para qualquer um mas para um grupo de privilegiados e essencialmente homens. Isto deveria fazer pensar que de facto há uma diferença biológica ou que há uma pressão social para as meninas serem meninas. Claro que isto é um pensamento desconfortável.

    Eu sei que fazer perguntas às pinguinhas é irritante, mas não me lembrei antes: onde está Portugal?

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  6. Portugal está nos 15 de vantagem para os rapazes e 0.7 na discriminação.

    Mas o problema principal destas coisas de biologia vs cultura é formular a pergunta. Por exemplo, se traçares um gráfico dos calos nas mãos em função da profissão verás uma grande variação. Mas não é correcto concluir daí que formar calos não tem nada a ver com a biologia humana...

    É um erro responder questões acerca dos mecanismos apenas com correlações.

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  7. Pois,mas enquanto esta análise não for submetida ao peer-review da mesma revista quepublicou o artigo original, e ainda mais, enquanto não for permitido aos autores do artigo defenderem-se perante estas críticas, estas sua análise não passa de, perdoe-me a expressão, treta! A sua resposta de que outras pessoas provavelmente estão a pensar na mesma coisa, está ao nível daquelas respostas evangélicas tipo "Deus age por meios misteriosos".

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  8. Caro Anónimo,

    Neste post, num blog pessoal, expremi a minha opinião acerca de um artigo que considero treta. Justifiquei a minha opinião com os dados relevantes obtidos das mesmas fontes que o artigo menciona.

    A conclusão do artigo é que a diferença de desempenho na matemática entre rapazes e raparigas desaparece em sociedades igualitárias. Isto implica uma correlação entre essa medida de discriminação e a diferença de desempenho. A correlação não existe (R^2 = 0.009).

    É claro que os autores têm o direito de se defender, eu posso estar errado, e assim por diante. É um processo que nunca acaba. É precisamente por isso que puz no final do post as ligações para as fontes de dados que eu usei. Qualquer pessoa pode pegar nesses dados e mostrar onde é que eu errei, onde é que está a tal correlação, etc.

    Mas note que a análise superficial que eu fiz aqui, e que fiz só porque me apeteceu e sem pretenção de resolver de uma vez por todas seja o que for, mesmo assim vale mais que um comentário anónimo sem qualquer fundamento.

    Convido-o por isso a pegar nos dados que eu refiro (é só descarregar os ficheiros) e mostrar-nos as suas contas. Se descobrir uma correlação estou interessado.

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  9. Acho que a ideia das meninas serem melhor em letras e os meninos em matemática deriva das espectativas que as sociedades têm quanto aos mesmos. Isto não é científico, mas o facto é que há muito mais bons escritores do que escritoras apesar de tudo. Grandes cientistas ainda me vêm à cabeça alguns nomes femininos,(poucos, é verdade), mas grandes escritores (tipo Shakespeare), não me lembro de nenhuma mulher.

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  10. PS
    o anónimo sou eu Karin

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  11. Karin,

    «Acho que a ideia das meninas serem melhor em letras e os meninos em matemática deriva das espectativas que as sociedades têm»

    Foi o que defenderam no artigo. O problema é a falta de correlação entre a diferença no desempenho e a medida dessa tal espectativa. Será que no Qatar esperam que as meninas sejam melhores a matemática que os rapazes e na Austria é ao contrário?

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  12. Concordo que o estudo é uma treta.
    Seria muito mais interessante e potêncialmente clarificador um estudo que aferisse as motivações e expectativas de realização profissional e pessoal dos jovens. Isso sim seria um ponto de partida para estudos mais ambiciosos.
    De qualquer forma não posso deixar de notar que existem alguns estudos, certamente com o mesmo tipo de vicios que este, que concluem que as características cognitivas dos homens os tornam em média mais aptos às matemáticas. É claramente uma guerra ideológica insana em que se vão marcando pontos de um lado e doutro. Agora foi a vez das mulheres.

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  13. "Isto não é científico, mas o facto é que há muito mais bons escritores do que escritoras apesar de tudo."

    Karin,
    isto interessa-me, mas preciso de saber em que te fundamentas para o afirmar (números de escritores, grau de reconhecimento, críticas favoráveis, números de leitores?).
    Cristy

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  14. Cristy,
    não fiz nenhuma pesquisa, mas tenho em consideração o meu gosto pessoal. Desconheço boas escritoras do meu género favorito, a ficção científica, por ex. Tudo o que lí nesta área escrito por mulheres nãp passa de dragões montados por amazonas com armas laser e capacetes nazis, misturado com romance de cordel.
    Bjs Karin

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  15. Ludi,
    não digo que o estudo seja válido. No entanto também não conheço nenhum estudo válido que afirme o contrário, ou seja, os homens terem mais apetência para a matemática que as mulheres.
    O que conheço é que parece que as mulheres são melhores em "multitasking" enquanto os homens têm um melhor conceito de espaço e dimensão, o que os leva a ser melhores arquitectos ou terem um bom sentido de orientação.
    Se isto é cultural ou genético também não sei.
    Bjs Karin

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  16. Karin,
    bem, se o único critério é o gosto pessoal, então penso que é igualmente legítimo defender a posição contrária.
    Cristy

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  17. Ludwig

    Já vi laboratórios trabalhar com máquinas "calibradas" com regressões lineares de 0,7 (?!) o que transforma em nevoeiro de arbitrariedade tudo a jusante, apesar do aspecto impresso e inquestionável do relatório. Chama-se "massajar resultados", como neste artigo da Science, e o problema toca-nos mais directamente do que parece.

    Da tua resposta ao pronunciamento do Desidério o que eu queria mesmo era concluir que toda e qualquer forma de especulação procura resultados (mesmo que o Desidério diga que não quando "faz" filosofia e diga que sim quando a "usa"), mas quem levou a mão ao vespeiro e sacou mel foste tu. O título do post parece-me significativo.

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  18. Ludwig:

    Se por acaso não tiveres uma lista de 500 outras tretas para pôr primeiro, deixa-me dar-te uma sugestão para "treta da semana": a teoria da conspiração segundo a qual o homem nunca foi à lua. É um tema que parece estar bastante "na moda" visto que ultimamente várias pessoas sem relação entre si têm levantado este debate.

    Continuação de bons textos.

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  19. João, Ludwig
    essa é uma treta muito boa.
    Já o meu avô morreu convencido que isso eram tudo americanices de Hollywood :-)

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  20. Cristy,
    claro que sim. Agora indica-me uma escritora de ficção científica de categoria.
    Bjs Karin

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  21. Meninas Karin e Cristy,
    desculpem meter a colherada mas e que tal Ursula K. Le Guin ??!

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  22. - com -,

    Eu acho que a Ursula está em «dragões montados por amazonas com armas laser e capacetes nazis, misturado com romance de cordel.»

    Mas penso que isto é confundir média e variância. Em média, homens e mulheres têm o mesmo número de filhos. Mas a variância no número de filhos é maior nos homens que nas mulheres, e se fores buscar os extremos vais ter uma preponderância de homens. Há mais homens sem filhos que mulheres sem filhos, e muito mais homens com 50+ filhos que mulheres com 50+ filhos.

    Isto não só é uma analogia mas também uma causa possível para que a variância em quase tudo seja maior nos homens que nas mulheres...

    E para os escritores excepcionais, ou os assassinos em série, ou os ditadores políticos ou os grandes herois, a variância conta mais que a média.

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  23. Ludwig,
    discordo que a Ursula seja só isso. Ela não só escreve Fantasia mas também F.C., aliás foi no género F.C. que ela recebeu por várias vezes os prémios Hugo e Nebula.
    Quanto à variância 100% de acordo; deixo aqui o comentário que já tinha colocado no De Rerum:
    ... li em tempos um estudo que comparava os QI's de homens e mulheres e concluía que estes em valor médio eram idênticos mas, o dos homens apresentava um desvio padrão maior. Independentemente de qualquer ideologia que pudesse existir por trás, o estudo sempre explicava porque há mais idiotas assim como génios entre os homens.

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  24. - com -,
    comparada a um A.C.Clarke?
    Só depois de fumar qualquer coisa.
    Bjs Karin

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  25. É pá João essa da ida á lua já eu tinha mandado a boca quando o Ludi espetou aqui as fotos da sonda que eles dizem "amartou" em.....Marte. Mais uma vez andaram a tirar fotos a um deserto qualquer nos estates e depois dizem que chegaram a marte :)
    Agoar não fazia ideia que este assunto tinha entrado na berra de novo, muito me contas ;)

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  26. Ok, Ok, não batam mais.
    Não vou comparar porque o A.C.Clarke está noutro patamar. Mas o que querem !?, gosto do que ela escreve ... mesmo sem nicotina ;-)

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  27. Karin, -com-
    sim, a Ursula K. Le Guin é muito conceituada entre a "comunidade sci-fi" e há outras, incluindo a Nobel da Literatura Doris Lessing. Mas eu própria não me sinto à altura de dizer se um escritor de sci-fi é bom ou mau, porque leio muito poucos livros de sci-fi (Lessing é uma das poucas excepções).
    Claro, também há quem defenda que a grande maioria da literatura sci-fi (ou outras de "género" como o policial, etc) nem sequer é literatura. Não partilho dessa opinião, porque creio que em todos esses géneros haverá os bons e os maus livors. Mas quem sou eu para ter uma opinião sobre o que não conheço? Tanto mais que até agora ninguém nunca me deu uma definição válida e universal de "boa literatura". E o que é tido por "mau" numa época é considerado "genial" uns anos depois, ou vice-versa. De modo que, a meu ver, resta apenas o meu gosto pessoal. E esse não pende de todo para o sci-fi ou os contos de fadas e dragões :-).
    Cristy

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  28. -com-,
    não estava a falar do tabaco, mas sim do tipo de coisas que o Leprechaun fuma.:)
    Bjs Karin

    Cristy e -com-,
    vamos, em 1º lugar, distinguir a fantasia da ficção científica.
    Não tenho nada contra fantasia, adorei o Tolkien e até lí os Harry Potters todos. Depende se é fantasia ou chachada.Dois autores de fantasia que adoro sâo o Neil Gaiman e o Clive Barker.
    Mas a ficção científica tem de ter por base algum conhecimento científico e é a precursora da moderna literatura de autores como o Dawkins, Dennett, J.Diamond e até novelistas como o Greg Bear.
    Bjs Karin

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  29. Karin,
    é claro que não confundo policiais com sci-fi, nem chicklit com fantasia, e todos os demais géneros que existem e são muitos - , embora esteja muito ciente da literatura de cross-over. O que me pergunto é: como distinguir dentro e entre esses géneros a "boa" literatura mediante critérios objectivos? É que só assim se poderia chegar a alguma conclusão sobre a predominância - ou não -
    masculina na literatura dita de qualidade.
    Cristy

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  30. Karin, Cristy
    pois ... sei ... cigarrinhos para rir :-)

    Tanto quanto sei a sci-fi tem como sub-géneros a hard sci-fi (baseada nas ciências "duras" como a física e derivados) e a soft sci-fi (baseada nas ciências sociais). A Ursula é + soft sci-fi mas propõe conceitos interessantes como em "A mão esquerda da escuridão" (mesmo em linha com o tema do post) que decorre num mundo em que género sexual não desempenha qualquer papel na sociedade.

    Critérios objectivos não sei se se poderão alguma vez definir. Os meus são um bom domínio da lingua (semântica e sintaxe, recurso apropriado e inteligente a figuras de estilo ...) e sobretudo que me faça pensar, que me diga qualquer coisa nova, que me faça emocionar.

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  31. - com -
    Os teus critérios, conquanto de alguma forma subjectivos, parecem-me perfeitamente legítimos. São mais ou menos os que eu aplico também nos livros que leio por pura recreação.
    Não me permitem é estabelecer a predomninância masculina ou feminina em termos de qualidade :-)
    Dito isto, parece-me cada vez mais tratar-se de uma impossibilidade.
    Cristy

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  32. Estive a ler os vossos comentários e parece-me termos de concluir que os homenes são sempre melhores qualquer que seja a área. Até na cozinha.

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  33. Pois realmente, este artigo tem uma selecção de dados que favorece as conclusões que queriam tirar, e quando se analisa bem os dados ve-se que é inconclusivo. Mas é mais ou menos o que ja disse há uns tempos, existe censura na ciência, muito devido ao facto de ser feita uma analise muito mais exaustiva por um numero muito maior de cientistas a artigos politicamente incorrectos, do que a artigos politicamente correctos.

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  34. Cristy,
    existem critérios relativamente objectivos em todas as áreas da literatura.Um único critério nunca chega, mas, por ex. na ficção cientìfica, a ciência na qual se baseia o conto deve ser ...ciência. Quando o A.C.Clarke fale de computadores que jogam xadrez antes deles exitirem, não fez uma consulta ao professor Bambo mas tinha o conhecimento para inferirb tal possibilidade. O mesmo se passa com as estações espaciais, o satélite geostático ou o facto de poder haver água em Europa.
    Quando o so called pai da ficção cientìfica manda uma bala com pessoas para a Lua, tenham dó. Já todos sabiam que não havia selenitas, que a água não poderia servir para atenuar o impacto porque não é comprimível, que não havia oxigénio na Lua, etc. LOgo, J.Verne a mim não me diz nada, a não ser talvez um contador de histórias para putos adormecerem. (Nem quero falar da viagem ao centro da Terra).
    Bem, vou para se não nunca mais me calo.
    Bjs Karin

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  35. Cristy

    Eu não entendo como é que podes duvidar que os homens escrevam melhor ficção científica: quem escreve mais e melhor que o preclaro Perspectiva? Ah, pois! Ou acham que ele é criacionismo e mais não sei quê?

    (era mesmo só para meter nojo: ficcção científica não é o meu forte)

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  36. Ludwig:

    Qual é o mecanismo que justificaria que o facto de haver maior variância no número de filhos dos homens (a comparar com as mulheres) pudesse levar à existência de uma maior variância nas diferentes características e aptidões?

    Fiquei curioso :)

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  37. Karin,
    ou seja, na ficção científica, o critério de qualidade é o número de vezes que o autor acerta mais ou menos nas previsões sobre desenvolvimentos futuros? Esse parece-me um critério um tanto perigoso (e redutor quando se fala de literatura), porque sabes lá se um dia não mandam alguém para a lua com um balázio?
    Bjs
    Cristy

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  38. Abobrinha,
    cá por mim prefir o lírico do Leperchaun, e olha que poesia não é de todo o meu forte.
    O Perspectiva faz-me lembrar mais aquelas máquinas que dás à manivela e sai sempre a mesma música.
    Cristy

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  39. "...a análise superficial que eu fiz aqui, e que fiz só porque me apeteceu e sem pretenção de resolver de uma vez por todas seja o que for..."

    Pois, era mesmo aqui que eu queria chegar, obrigado por concordar. É uma análise superficial que não resolve nada, ou seja, uma treta!

    "...mesmo assim vale mais que um comentário anónimo sem qualquer fundamento."

    Meu amigo, não fui eu que me apresentei com a pretensão de desmascarar uma qualquer treta publicada na Science. De qualquer forma, ao confirmar-se o "fundamento" do meu comentário, a sua validade foi também confirmada.

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  40. Muito pior do que o rigor (ou falta de...) com que os dados sao analisados, e' a incapacidade para os interpretar ou sequer perceber que nao sao dados 'brutos' ...

    o que significa ser melhor ou mais apto para a matematica? Ter melhores notas em testes standartizados, publicar mais artigos com resultados novos em revistas de matematica, fazer contas mais depressa, construir melhor modelos matematicaos em situacoes concretas (na industria, em servicos, nos tempos livres), ter mais prazer em estudar e pensar sobre matematica, nada disto, tudo isto, ou ainda algo de totalmente diferente? ...

    como medir todas estas aptidoes ... como quantifica'-las com uma unica variavel ... qual o interesse em faze-lo?

    o que e' que ser homem ou mulher tem a ver com isto tudo?

    safa!...

    MP-S

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  41. Anónimo,

    «Pois, era mesmo aqui que eu queria chegar, obrigado por concordar. É uma análise superficial que não resolve nada, ou seja, uma treta!»

    Não é por ser superficial e não resolver de uma vez por todas que eu consideraria treta. Senão tudo é treta...

    «Meu amigo, não fui eu que me apresentei com a pretensão de desmascarar uma qualquer treta publicada na Science.»

    Mas esta treta em particular parece não exigir mais que uma análise superficial para ser desmascarada. Esse é que é o problema, até.

    Os autores propuseram que eliminando a descriminação desaparece a vantagem dos rapazes na matemática. Usando os dados dos mesmos estudos em que eles se basearam e mesmo com uma análise tão superficial como traçar o gráfico e calcular o coeficiente de correlação podemos ver que a afirmação é falsa.

    Ora isto não resolve o problema de compreender a origem desta diferença ou o que se pode fazer para a mitigar. Mas mostra que a conclusão dos autores é treta.

    É claro que pode ser que me tenha enganado em alguma coisa, mas é para isso que servem os dados. Pergunto-lhe novamente, anónimo. Olhando para os dados o que lhe parece mais treta, a conclusão dos autores do artigo ou a minha crítica?

    Ou prefere criticar sem considerar os dados?

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  42. Cristy,
    eu disse um dos critérios. Depois há os conteúdos, os plots, os níveis literários, etc.
    Mas não entendeste: estava a falar de uma base científica. Se leres um livro onde exite uma estação espacial com turismo, isso não é, como dizes, uma previsão. É uma possibilidade. Neste momento não exitste porque não é rentável, pela mesma razão, poderá nunca vir a existir. Mas não é um disparate.
    Bjs Karin

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  43. Cristy,
    há 1/4 de século atrás ofereceste-me um livro editado pela E.Barmeyer, sobre ficção científica. Todos os autores discutidos nestes ensaios são homens, incluíndo os mais fantasistas, tipo "Dune", que mesmo assim tem mais qualidade do que a Ursula referida.
    Claro que os critérios que estes ensaistas usam também podem ser discutidos, mas acho significativo a ausência total de escritoras.
    Bjs Karin

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  44. Cristy

    Eu também sou meia surda para a poesia (daí que se torne ainda mais fantástico que o Leprechaun acredite que somos algum tipo de almas gémeas). Há só um problema: ele também parece daquelas máquinas que dás à manivela e sai sempre a mesma música...

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  45. Talvez verdadeira questão resida na inteligência percepcionada

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  46. "Meu amigo, não fui eu que me apresentei com a pretensão de desmascarar uma qualquer treta.."

    Mano, afinal o anónimo não é anónimo, é amigo :-)
    Cristy

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  47. Karin,
    É exactamente como tu dizes: os critérios são discutíveis. E enquanto não houver critérios aceites - vá lá, por uma maioria, já que somos democráticos :-) - não haverá maneira de verificar o maior ou menor peso de homens ou mulheres num género (um critério podia, por exemplo, ser: melhor «máquina» de marketing) e muito, muito menos, a qualidade relativa. E isto não tem, de forma alguma, a ver apenas com a ficção científica. A meu ver aplica-se a todos os géneros, e inclusive ultrapassa o ramo da ficção.
    Cristy

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  48. João Vasco,


    «Qual é o mecanismo que justificaria que o facto de haver maior variância no número de filhos dos homens (a comparar com as mulheres) pudesse levar à existência de uma maior variância nas diferentes características e aptidões?»

    A possibilidade de ter mais filhos e a maior probabilidade de não ter nenhuns torna o sexo masculino o mais arriscado. Isto cria uma pressão selectiva para estratégias mais extremas.

    Um exemplo engraçado é o do artrópode marinho Paracerceis sculpta, que parece um bicho de contas. Os machos vêm em três tamanhos diferentes, determinado por um gene com três alelos. Os grandes defendem agressivamente haréns de fémeas. Os médios imitam as fémeas e passam despercebidos no meio do harém. Os pequeninos entram sorrateiramente e ficam sosegados para não serem topados. O resultado foi um equilíbrio no sucesso reprodutivo das três formas mas uma maior variação nos machos que nas fémeas porque estas últimas têm pouco a ganhar ou perder. Vê aqui.

    Na nossa espécie temos algo do mesmo género mas com uma diversidade muito maior de estratégias. Entre ser don juan, o chefe, o guerreiro mais forte, o sacerdote (muitas vezes reputadamente celibato mas aquém da reputação), até o violador quando tudo o resto falha.

    Na nossa espécie há uma grande sobreposição nas estratégias reprodutivas masculinas e femininas porque ambos os pais participam na criação dos filhos. No entanto a diferença fisiológica faz com que as mulheres sejam mais selectivas pela importância de maximizar a qualidade do investimento paternal e os homens tendam a arriscar mais pela possibilidade de ter muito mais filhos (e, por outro lado, a maior probabilidade de ficar sem nenhuns).

    Não é algo consciente nem propositado, mas nós somos todos descendentes apenas daqueles que tiveram sucesso a reproduzir-se...

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  49. Pois, faz o seu sentido, de facto.
    Que engraçado.

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  50. não estava a falar do tabaco, mas sim do tipo de coisas que o Leprechaun fuma.:)


    Um vegetariano a fumar?!?!?!?!?!

    Felizmente, agora quase já nem se sente esse odor horrendo do tabaco, vá lá. Aliás, aqui pela aldeia minhota, eu até nem vejo muita gente a fumar na rua e mesmo nos cafés.

    Mas enfim, como saio pouco e mal vejo para além de uma dezena de metros... ;)

    E está na hora do iogurte e fruta antes de deitar...

    Rui leprechaun

    (...que amanhã é dia de ir viajar! :))

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