quinta-feira, novembro 09, 2006

A Interrupção Voluntária da Gravidez.

O aborto é um problema sério. Todos os anos milhares de mulheres decidem matar um filho no ventre, uma decisão difícil para a maioria. Milhares de vidas humanas são terminadas na sua origem. Cria-se um problema de saúde resolvendo por cirurgia problemas sociais e económicos.

É necessário melhorar o apoio social às grávidas e ensinar a várias gerações que a gravidez não planeada não é doença nem vergonha. É preciso mais responsabilidade. Os homens devem ser responsáveis não só pela criança depois de nascer mas pelo feto e pela gravidez. Apesar de rumores de um caso excepcional há dois mil anos, é preciso duas pessoas para conceber um ser humano, e a lei devia reflectir isso. E todos, homens e mulheres, têm que assumir responsabilidade pelas consequências do acto sexual. É um direito, e uma curtição. Recomendo a todos os adultos. Mas como qualquer acto voluntário, responsabiliza o praticante pelas consequências. Se parto um vidro com uma bolada também não me dão dez semanas para fazer desaparecer a janela ou o vizinho...

Mas os políticos não gostam de problemas difíceis com soluções impopulares. O melhor nesses casos é apontar para o lado e gritar “Olhem! Ali!”, a ver se os eleitores se distraem mais um mandato. Este referendo é um bom exemplo. Vejam a pergunta:

«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»

Interromper a gravidez não é problema. Para interromper a gravidez às 36 semanas é só marcar a cesariana para o dia que der mais jeito. Se tivéssemos meios de suster o desenvolvimento de um feto de 10 semanas, isto nem se perguntava. Claro que podia interromper. O problema não é a gravidez, é matar o feto. Mas se põem isso na pergunta já se vê a bela solução que é.

A discussão do problema do aborto (sim, aborto, que é interromper a gravidez matando o feto) está pejada desta demagogia enganadora. Não se pode dizer que a mulher mata o filho porque não é filho. É o descendente directo; sõ não é filho se for filha. Não se pode dizer que mata porque não está vivo. Mas para fetos mortos não precisamos de referendo. Não se pode dizer que é pessoa porque muitos decidem, cada um pela sua razão, que não é. Não se pode contar com o futuro do feto porque está no futuro, a menos que seja para justificar o aborto como forma de evitar cuidar da criança durante esse futuro.

Mas dêem as voltas que derem o problema mantém-se. Qualquer defeito que se ponha ao feto, seja não ter autonomia, não pensar, ou não sentir, é um problema temporário que em poucos meses se resolve, e que nunca justificará um acto irreversível e permanente como matá-lo. Seja que nome lhe queiram chamar, o facto é que estamos a privar aquele organismo de toda a sua vida, uma vida como a nossa.

A lei que temos é uma treta. Toda a forma como abordamos o problema neste momento é uma treta. Mas o pior que podemos fazer é inventar uma treta ainda maior que nos convença que o problema foi resolvido. Ao menos a treta que temos agora não engana ninguém.

4 comentários:

  1. Ludwig,

    Não imaginava que teria esta posição acerca do aborto. Terei sido, porventura, vítima do preconceito erradíssimo de associar o ateísmo à defesa do direito ao aborto.
    Faço um "mea culpa", aplaudindo esta defesa lúcida e corajosa de que abortar é algo de profundamente errado.

    «Toda a forma como abordamos o problema neste momento é uma treta.»

    É um facto!
    Cumprimentos,

    Bernardo Motta

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  2. Treta é realmente toda esta argumentação.

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  3. Caro Pedro,

    Que é treta concordo. Mas não lhe chamaria argumentação, visto que escreveu só uma frase e não um argumento ;)

    Caro Bernardo,

    Obrigado pelos comentários, e pela referência ao Donald Marquis.

    É comum associar o ateísmo à defesa do aborto, mas penso que não é pelo ateísmo em si mas pela sua correlação com certas ideologias políticas.

    No meu caso, é precisamente o ateismo que me faz fundamentar a ética em coisas concretas como escolhas, actos, e consequências, em vez de conceitos abstractos como deuses, direitos, ou a definição de pessoa. A minha posição face ao aborto (e à investigação em células estaminais, eutanásia, direitos de animais, e muitos outros temas em que provavelmente discordarei da opinião dos Católicos) é consequência deste fundamento.

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  4. tambem concordo contigo,eu pessoal mente acho uma aberraçao uma pessoa cometer um acto tão repugnante dentro de si própria,sou de eskerda infelisment assim sendo toda a minha estrutura mental é condicionada,será k elas terão direito sobre o ventre,será k somos obrigados a condenalas como criminosas sinceramente acho k algures no meio está a virtude

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